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Papo de Elevador desta terça dia 22/04 as 06h30min destaca "A evolução da TV 3.0 para o mundo da internet".
Por Administrador
Publicado em 20/04/2025 19:24
Atrações

Você já ouviu falar em TV 3.0? Pois prepare-se: a televisão que conhecemos está prestes a dar um salto histórico.

Vamos entender o que está por trás dessa nova geração da TV aberta — gratuita, nacional e agora mais interativa do que nunca.

 A TV 3.0 é mais um passo rumo à convergência entre a televisão e a internet. A proposta é trazer a lógica do conteúdo personalizado — típica do streaming — para o universo da TV aberta.

Com essa evolução, o que antes era transmissão em massa e unidirecional se transforma em uma experiência interativa, inteligente e sob demanda.

A nova geração tecnológica da TV no Brasil utiliza os padrões ATSC 3.0, com maior compressão de dados e ultra definição (4K e HDR), permitindo: personalização de conteúdo; publicidade segmentada e interatividade com o espectador.

Quem nos ajuda a decifrar essa transformação é o professor Marcelo Ferreira Moreno, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) especialista em TV digital interativa.

“A TV 3.0 é mais um passo rumo à convergência entre a televisão e a internet. A gente quer trazer para a TV a experiência de um conteúdo personalizado, como já acontece na internet, levando em conta as preferências e as realidades dos usuários. A TV atual já permite uma certa integração de conteúdos, mas a TV 3.0 vai além — ela promove uma integração mais síncrona entre a radiodifusão tradicional e os serviços digitais. São muitas tecnologias envolvidas nesse processo. O principal caminho é chegar com o conteúdo que as pessoas querem, na hora eu elas precisam.”

Muita gente pergunta: com a TV 3.0, a grade de programação vai acabar?

O que vai mudar é a forma de consumir. A estrutura linear continua — especialmente útil em transmissões ao vivo — mas agora com a possibilidade de complementar com conteúdos sob demanda, como explica o professor Marcelo Moreno:

“A ideia é unir o melhor dos dois mundos. O modelo linear, que tem o poder de alcançar facilmente todos os cantos do país, não funciona como um “feed” que simplesmente passa conteúdos aleatórios. Ele oferece grades de programação com curadoria, pensadas para gerar maior engajamento e retenção do público. Isso favorece a oferta de conteúdos de maior qualidade, porque ela tem um tratamento e uma regulação especial também”

E o jornalismo nisso tudo? A televisão aberta ainda é a principal fonte de informação para milhões de brasileiros. Como garantir qualidade e pluralidade nesse novo ambiente, responde Marcelo Moreno.

 “O radiodifusor também é capaz de oferecer o contraponto. O jornalismo, por exemplo, cumpre esse papel ao ouvir os dois lados. E a emissora decide fazer isso com base em um compromisso com a informação de qualidade, ainda que isso envolva a experiência editorial do próprio radiodifusor. Não há como controlar todos os tipos de conteúdo. Quando falamos de fatos e jornalismo, há sim uma responsabilidade clara do radiodifusor. Mas no campo do entretenimento, isso depende muito da pauta de interesses de cada emissora. Se ela entender que determinado conteúdo tem valor para o público — e com o consentimento do espectador —, pode começar a oferecer e sugerir opções mais qualificadas. O radiodifusor continua tendo papel central, pode ele pode saber o conteúdo que deu certo o conteúdo que é questionável e que não eu o resultado que ele queria atingir”.

Afinal, a TV 3.0 pode promover mais qualidade? Ou abre ainda mais espaço para o “lixo televisivo”?

A tecnologia permite selecionar e recomendar conteúdos melhores — se o radiodifusor e o espectador quiserem. O controle da qualidade estará mais nas mãos dos usuários e produtores. É uma nova responsabilidade compartilhada: a curadoria das emissoras se une às escolhas conscientes dos espectadores. Um desafio para uma mídia cada vez mais personalizada, mas ainda com caráter de função pública de informação. A personalização não pode ser sinônimo de bolhas de informação. O desafio da TV 3.0 será manter a função democrática da mídia — informando com equilíbrio, enquanto dialoga com o gosto individual.

E a acessibilidade? A TV 3.0 vai continuar sendo gratuita, aberta e universal?

Sim. A premissa da radiodifusão permanece: informação para todos, sem custo de assinatura. Teremos um período de transição de até 10 anos, com testes técnicos e adaptação das estações públicas e privadas.

A ideia é que não haja dificuldade de acesso à informação — pelo contrário. A TV 3.0 continuará sendo aberta, gratuita e de alcance nacional. Haverá um prazo de aproximadamente 10 anos para sua implementação completa, e nesse período estamos discutindo como a TV pública poderá incorporar essas novas tecnologias, de forma a garantir a participação social e o acesso democrático para todos. A partir do ano que vem, serão implementadas as primeiras estações experimentais.

 

Segundo a Anatel, a TV aberta ainda alcança 97% dos lares brasileiros. O desafio é garantir que a digitalização não aprofunde desigualdades — será preciso políticas públicas de inclusão tecnológica.

Em suma, a TV 3.0 representa um novo capítulo na história da comunicação no Brasil. É uma resposta tecnológica e cultural aos novos hábitos de consumo, que mistura a capilaridade da TV aberta com a inteligência da internet.

Com ela, o conteúdo passa a ser mais interativo, personalizado e acessível, sem abrir mão da gratuidade e do caráter público da radiodifusão. A programação linear continua existindo, mas agora convive com opções sob demanda, algoritmos de recomendação e curadoria editorial, criando uma experiência híbrida que respeita a diversidade de públicos.

Ao longo do programa, discutimos com o professor Marcelo como essa transformação vai além da tecnologia: ela exige responsabilidade, participação social e políticas públicas para garantir que a inovação seja inclusiva e plural.

A TV 3.0 não vem substituir a internet — mas dialogar com ela.

Não vem apagar a televisão — mas dar a ela uma nova vida.

E a pergunta que fica é: como vamos ocupar esse novo espaço?

A resposta depende de todos nós — cidadãos, produtores de conteúdo, radiodifusores e o próprio Estado.

 Você ainda pode enviar a sua sugestão de tema, crítica ou sugestão para o WhatsApp da Rádio Câmara (61) 99978-9080 ou para o e-mail papodefuturo@camara.leg.br.

Comentário – Beth Veloso
Apresentação – Mauro Ceccherini

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