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Papo de Futuro desta terça dia 29/10 as 06h30min destaca "Transmutação, apagão energético e IA".
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Publicado em 27/10/2024

A inteligência artificial, ou IA, e como ela vai transformar radicalmente a nossa vida cotidiana. Nomes de peso como Bill Gates, dono da Microsoft, e Elon Musk, dono da Tesla, da Space X e da rede social X, têm feito previsões ousadas sobre os próximos anos, e não faltam motivos para prestarmos atenção.

As mudanças serão profundas e rápidas. Bill Gates fez uma revisão importante recentemente, destacando que a IA vai transformar como acessamos e processamos o conhecimento. Ele fala sobre a fragmentação do conhecimento, ou seja, a rapidez com que a IA fornecerá respostas vai superar qualquer processo tradicional de busca de informação. Em vez de passarmos horas lendo manuais ou artigos, os chats de IA farão isso por nós em segundos, resumindo o essencial.”

Isso parece excelente para otimizar o tempo, mas será que isso não afeta a educação? As crianças, por exemplo, ainda vão precisar escrever ou a Inteligência Artificial vai assumir também essa função?

Gates acredita que as crianças não precisarão mais escrever tanto. A IA poderá redigir textos inteiros; o foco será em como interpretar e fazer as perguntas certas. Isso é vantajoso, mas ao mesmo tempo assustador. Harari, autor de best-sellers como Homo Deus e 21 Lições para o século XXI, por exemplo, alerta que, ao terceirizarmos tanto as nossas decisões e habilidades para algoritmos, podemos perder parte da nossa autonomia (1). Será que, ao deixar a IA fazer todo o trabalho, ainda estaremos no controle do que aprendemos ou só ouviremos o que queremos?”

Isso levanta a questão dos empregos. Como fica o mercado de trabalho diante do avanço da Inteligência Artificial?

Bill Gates prevê que até 40% dos empregos em todo o mundo podem ser afetados pela ascensão da IA (2). Áreas como criação de conteúdo, programação e gerenciamento de redes sociais podem ser automatizados em breve. Mas ele também vê uma oportunidade: é o momento de aprender novas habilidades, como engenharia de prompts, que são os comandos que damos às máquinas, para interagir melhor com essas máquinas. A boa notícia é que, se soubermos fazer as perguntas certas para a IA, podemos extrair mais dessas ferramentas. Por outro lado, Harari traz um ponto inquietante: e quem não tiver tempo ou recursos para aprender essas novas habilidades? Isso pode criar uma nova divisão social, com uma pequena elite controlando a IA, enquanto o restante fica cada vez mais alienado.”

E falando em criatividade, a IA já está revolucionando a arte, não é? Kanye West, rapper e cantor norte americano, já usou IA para criar videoclipes, e hoje, com poucos reais, qualquer pessoa pode gerar músicas completas com letra e melodia. Isso transforma a música em uma commodity, ou uma mercadoria sem muito valor, o que é fascinante e preocupante ao mesmo tempo. Harari nos faz pensar: o que acontece quando a arte, que sempre foi uma das maiores expressões humanas, pode ser gerada sem qualquer envolvimento humano? E como fica o valor emocional dessas criações?

E o que Bill Gates e Elon Musk têm falado sobre o futuro delas com a Inteligência Artificial? Bill Gates acredita que em cinco anos as redes sociais estarão completamente transformadas. Algoritmos, que já controlam boa parte do que vemos, lemos e compartilhamos, vão ganhar ainda mais poder. Não só o conteúdo, mas também os influenciadores digitais poderão ser IAs. Musk, por sua vez, fala de um futuro em que humanos e máquinas se fundem, com implantes cerebrais como o Neuralink (3), que permitirão expandir nossa memória e melhorar capacidades físicas. Isso nos leva ao transumanismo. Mas Harari faz uma crítica importante: quem terá acesso a essas tecnologias? E quem controlará as decisões sobre o uso dessas capacidades ampliadas? Estamos à beira de uma nova forma de desigualdade, onde ‘super-humanos’ com IA poderão dominar os demais.

E sobre a energia necessária para manter tudo isso funcionando? Isso deve ser um grande desafio…?

Conforme o boletim da Pactel, associação de entidades do setor de telecomunicações, esse é um ponto crucial. Hoje, os data centers que sustentam a IA e a internet consomem 7% da energia global (4).  Para se ter uma ideia, isso é 160% do consumo total anual do Brasil. Elon Musk tem batido na tecla de que o futuro da IA precisa estar alinhado com fontes de energia renováveis, ou o custo ambiental será enorme. Além disso, se não adotarmos medidas para melhorar a eficiência energética, o consumo de energia dos data centers vai quadruplicar até 2030. Estamos falando de um grande impacto ambiental.

O que podemos esperar, então, desse futuro que envolve Inteligência Artificial, esse chamado “transumanismo” e tanta dependência de energia?

A IA vai transformar profundamente nosso mundo, mas precisamos refletir sobre os custos dessa transformação e assumir alguns compromissos muito importantes, de reduzir o ritmo da inovação, colocar o humano em primeiro lugar e apontar responsabilidades antes de sair fazendo as coisas! Somos cobaias e não estamos alertas disso!

Yuval Harari nos lembra que, ao abraçarmos essas tecnologias, temos que garantir que não estamos criando um futuro de desigualdade e controle absoluto por parte de máquinas e corporações. Gates e Musk apontam para um caminho de oportunidades, mas, se não lidarmos com isso de forma consciente, quem pagará o preço será o planeta e as futuras gerações.

Outro desafio é garantir que essas mudanças sejam benéficas para todos, e não apenas para uma pequena elite. A revolução tecnológica precisa ser inclusiva e sustentável, ou o futuro que tanto ansiamos pode se tornar um dilema para a sociedade e o meio ambiente.

Você tem uma sugestão de tema ou uma crítica ao Papo de Futuro? Entre em contato conosco. Temos o whattsapp da Rádio Câmara – o número é (61) 99978-9080. É possível também usar o e mail papodefuturo@camara.leg.br.

Comentário – Beth Veloso
Apresentação – Mauro Ceccherini

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